
Aos teus pés imploro teu carinho e devoção,Não me deixe fenecer em plena vida...Tua ausência é como procela que faz tremerQualquer alma como a minha que anda errante...Dai-me um destino! Seja a morte ou tua presença,Só não quero fenecer lentamente em tua ausênciaSem escolha querida amada de ti eu fui apartado,Tal qual o furor do sol aparta o rocio da gramaJogado ao jugo do tempo que é procela atroanteDestemeu atroz sentir que me entorpece.O coração que fenece com os gritos sem rumo.E sem direção, um estouro, um tiro, um corpo esmorecidoSobre a face dos antigos semblantes amigos.Que agora são cobertos pela rubra mortalha hórrida.Sobre cadáveres inertes para deleito de milhares De negros pássaros festejando tamanha carnificina...Na primeira estrela da manhã reluz a estupidez.De homens que tem que buscar honra e glória,Na morte para um general brindar seu sangue.Numa taça de ouro, aos soldados que como euForam apartados aterradoramente dos entes queridoPara habitar a terra hostil de lobos de hirto coração...E a cada alvorecer é mais difícil ver um semblanteAmigo e acalentador, eu vejo somente rostos enfurecidos,Torpes, sobre pútrido rio de sangue... Em meio a tanto terrorEis que num relance transparece no horizonte o rosto brandoDe minha amada na fumaça de um canhão,Mas, logo acordo com mais terror, mais mortes, mais sangue,Todos tem medo que venha o sono, e com ele de carona a morteE a heróica volta seja uma medalha de honra e prêmio de consolação,Aos pais, esposas e irmãos que nunca mais verão sorrir O rosto que outrora fora tão doce, e para o combatente.Não há dor maior que saber que se morrer irá verter inconsolávelPranto do semblante das pessoas amadas,
Nessa hora lutar faz sentido, pois a aleivosa honra e bravura,De sua volta que era para ser heróica, agora é um caixão,Uma bandeiro, pranto, desolação e gritos, a morte gargalha,Os generais envolto de enorme glória gargalham E estufam o soberbo peito e cantam o esplêndido hinoOlhando o lábaro rubro e transbordado de fugacidade,Cinco ou seis dúzias de tiros ao alto rompem o luto,Para aquele bravo soldado que passou anos sonhandoCom o retorno com alegre e a amada explodindo de alegriaGanhou um tiro no peito, uma mortalha, uma medalha,Um caixão com uma bandeira, um velório, uma lapide...Mas o pior de tudo a eterna imagem do pranto do semblanteDa amada que jamais poderá ser enxugado...Por isso amada rezo a cada minuto para que eu não tenhaEste mesmo fado, que ao teu lado após esta fútil guerraPossa ter eternos anos de glórias e paz,Pois a honra, a bravura e a glória consiste em formar,E sustentar com amor uma família e o sorriso nos seus semblantes...